EDDY

Com direção e dramaturgia de Luiz Felipe Reis e de Marcelo Grabowsky,
“EDDY – violência & metamorfose” é a primeira encenação brasileira
baseada na obra do premiado escritor francês Édouard Louis
APRESENTAÇÃO
O projeto “EDDY – violência & metamorfose” é a primeira montagem teatral brasileira baseada na obra do premiado autor francês Édouard Louis, um dos maiores fenômenos literários internacionais da última década. Idealizado, criado e produzido pela POLIFÔNICA (Luiz Felipe Reis e Julia Lund), o espetáculo conta com direção e dramaturgia de Luiz Felipe Reis e de Marcelo Grabowsky e traz à cena os atores João Côrtes (no papel de Édouard Louis), Julia Lund (no papel de Clara, irmã de Édouard), além de Igor Fortunato interpretando diferentes personagens.
O espetáculo fez sua estreia em junho de 2025 no Sesc Copacabana (RJ) e logo na sequência realizou uma 2ª temporada no Teatro Poeira, tornando-se, em pouco tempo, um dos espetáculos mais comentados e elogiados da temporada teatral de 2025. “EDDY – violência & metamorfose” leva à cena uma dramaturgia original, construída a partir de três livros do escritor: “O Fim de Eddy” (2014), “História da Violência” (2016) e “Mudar: Método” (2023). Tal proposta, de articulação dos livros numa única montagem, foi calorosamente aprovada e incentivada pelo próprio autor: “É a primeira vez que isso será feito no mundo. Façam isso”, disse Louis.
Ícone da literatura contemporânea francesa e expoente de uma nova geração de intelectuais e ativistas engajados contra a homofobia, o machismo, o racismo, a xenofobia e a violência de classe, Louis vem mobilizando e desestabilizando o meio literário com a publicação de uma série de obras que articulam autobiografia e análise social. Tal como em seus livros, “EDDY – violência & metamorfose” aborda, portanto, temas urgentes como violência de classe e de gênero, homofobia e xenofobia, e assim dá continuidade a uma pesquisa e proposta de reflexão crítica elaborada pela Polifônica a respeito da violência e da dominação masculina nas relações humanas e suas devastadoras consequências.
“Ao longo dos últimos dez anos, buscamos, através de cada trabalho, propor uma reflexão coletiva acerca das consequências da desmedida ânsia masculina por poder, controle, dominação e submissão; sobre como isso produz danos nos mais diferentes corpos — humanos, além de humanos e de toda a Terra —, mas, principalmente, em tudo aquilo que se aproxima ou é identificado como feminino”, elabora o diretor Luiz Felipe Reis.
“Meu interesse pela obra do Édouard surge como desdobramento dessa investigação contínua que temos realizado sobre diferentes modos de violência, sobretudo os que constituem o mundo masculino — seu ethos e psiquismo, as regras e normas das sociedades patriarcais e, sobretudo, do regime totalitário do capital sob o qual estamos todos subjugados. Édouard reflete e escreve sobre violência social, política, econômica, cultural, racial, sexual, de gênero, ou seja, sobre inúmeras formas de produção e de circulação da violência, sobre todo um circuito de violência que rege nossos comportamentos e pensamentos, sociais e individuais. Em outras palavras, Édouard descreve, com precisão iluminadora, os efeitos devastadores das forças de opressão e de destruição que constituem a nós e nossas sociedades contemporâneas. Por isso, sua obra é um alerta e um chamado a encontrar vias de contraposição e de combate a tais forças. Investigar a violência é buscar formas de responder à violência, modos de reagir que questionem e, se possível, transformem as formas de violência naturalizadas que constituem a nossa realidade. É por isso que violência e metamorfose são temas profundamente conectados: as forças de violência, de algum modo, provocam e convocam as forças de transformação. A violência do mundo nos interpela a tomar posição, reagir e transformar este mesmo mundo”, diz Luiz Felipe Reis.
Desde a sua estreia no mundo editorial, com “O fim de Eddy” (2014), Édouard Louis também passou a ter seus livros encenados nos mais importantes teatros do mundo, em espetáculos dirigidos por nomes como Thomas Ostermeier, Ivo Van Hove e Milo Rau. Com “EDDY – violência & metamorfose”, no entanto, o trabalho de Louis ganha um olhar brasileiro e panorâmico sobre o conjunto de sua obra, sobre as questões que constituem seu percurso literário.
“A nossa peça se baseia em três livros de uma obra que continua a se expandir e a se ramificar em diferentes histórias conectadas; histórias que aconteceram com ele num contexto francês, mas que poderiam muito bem ter acontecido com qualquer um ou uma de nós, num contexto brasileiro, pois há sempre uma força violenta de destruição e de morte que ronda e ameaça o feminino, seja em que corpo ou lugar ele estiver”, diz a atriz e coidealizadora do projeto, Julia Lund.
A PEÇA
“EDDY – violência & metamorfose” gira em torno de um episódio real vivido pelo autor, no Natal de 2012, em Paris. Após um jantar com amigos, ao voltar para casa, Édouard é abordado por um jovem de origem argelina, Redá, e então seguem para o apartamento do escritor. Mas, após uma noite de amor, na manhã seguinte, Édouard é violentado por este homem e quase assassinado. O episódio traumático, elaborado na obra “História da violência”, dá início a uma jornada reflexiva e de elaboração a respeito das estruturas sociais que viabilizam a produção, a reprodução e a circulação da violência em nossas sociedades. Um ano após o terrível episódio, após lidar com uma série de procedimentos médicos, policiais e jurídicos relacionados ao caso, Édouard inicia uma viagem de retorno à sua cidade natal, hospeda-se na casa da sua irmã, Clara, e é a partir deste reencontro que inicia-se um jogo de relatos, de narrativas e de representações que reconstituem e investigam o ocorrido naquela noite, em que vêm à tona uma pluralidade de questionamentos e de reflexões acerca do machismo, do racismo e da homofobia enraizadas na nossa sociedade. Ao longo do espetáculo, a narrativa de “História da violência” também é atravessada por trechos de “O fim de Eddy” e culmina na recriação de fragmentos de “Mudar: método”, obra em que Édouard reconta sua trajetória de emancipação social e intelectual, desde a saída da sua cidade natal, Hallencourt, até a sua chegada e estabelecimento em Paris.
“Me identifico em muitos lugares com a trajetória do Édouard”, diz João Côrtes, que interpreta Louis. “Como homem gay, também conheço esse lugar de lidar com a violência, a insegurança, a autoaceitação e o desejo de ser amado. A peça aborda esses temas de forma muito eloquente, profunda e simbólica. É uma responsabilidade muito grande interpretá-lo, porque tenho consciência da importância e do potencial de reverberação da sua escrita para todos nós da comunidade LGBTQIAPN+”.
Marcelo Grabowsky, que já havia colaborado com a Polifônica em “Amor em Dois Atos”, retoma sua parceria com o grupo e reafirma a importância da investigação estética e temática da companhia sobre a violência e suas consequências: “Acredito na importância de encenar dilemas e vivências de corpos e subjetividades gays e, assim, fazer a gente se reconhecer em cena. Mesmo com o avanço e a legitimação de muitas vozes LGBTQIAPN+ no Brasil, o conservadorismo e o preconceito insistem em exercer a sua violência. Édouard propõe uma elaboração instigante sobre o terror e sobre a sua própria capacidade de transformar sua experiência”, diz Grabowsky.
A ENCENAÇÃO
O projeto de encenação leva adiante a pesquisa de Luiz Felipe Reis acerca da noção de Polifonia Cênica e busca estabelecer uma relação criativa e não hierárquica entre diferentes formas de arte em cena. Neste sentido, “EDDY – violência & metamorfose” se realiza como uma encenação híbrida, que transita entre o teatro, o cinema ao vivo, a literatura e, também, com forte presença do som, através de uma trilha sonora que combina ambiências sonoras com performance musical realizada ao vivo.
“O que buscamos com esta aproximação entre teatro e cinema é potencializar a dimensão audiovisual que marca a experimentação teatral contemporânea mas, também, a própria origem do teatro: afinal, o teatro clássico, grego, foi concebido justamente como somatória do ‘espaço da visão’ (theatron) e do ‘espaço da audição’ (auditorium)”, diz o diretor.
Ao transformar a cena em um misto de cenário, set de filmagem, estúdio, coxia e camarim, a encenação busca, sobretudo, construir uma experiência para os olhos, ouvidos, corpos e telas do nosso tempo, acreditando que outras formas cênicas podem vir à tona a partir de experiências para as quais ainda não temos nome. Assim, no palco, a montagem se desdobra em diferentes formatos, com atores manipulando câmeras ao vivo, mesclando imagens captadas no palco e pré-gravadas, levando à cena, portanto, um processo criativo aberto, em contínua transformação e experimentação, que é revelado diante do público a cada noite.
HOMOFOBIA NO BRASIL
O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ em todo mundo anualmente, e mais da metade desse assassinatos acontecem no nosso país (WAREHAM, Murder LGBT, 2020). Em 2023, 257 pessoas LGBTQIAPN+ tiveram morte violenta no Brasil, vítimas da homotransfobia, e a cada 34 horas uma pessoa LGBTQIAPN+ é vítima de homicídio ou suicídio, o que confirma o Brasil como campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais.
A comunidade LGBTQIAPN+ brasileira, portanto, ainda luta pela garantia de direitos básicos de cidadania, representação política, reconhecimento social, liberdade de expressão e de exercício pleno da sua afetividade. Nos últimos anos, retóricas morais e religiosas extremistas ganharam espaço na cena política do país, gerando perseguições sociais e retrocessos que pretendem segregar, calar e conter o legítimo e necessário avanço das vozes e corpos LGBTQIAPN+ no Brasil. Ao refletir sobre as causas e consequências da homofobia, a obra de Édouard Louis oferece importantes contribuições à luta pela garantia de mais direitos e liberdades para a comunidade LGBTQIAPN+ brasileira.
OLHARES SOBRE 'EDDY – violência & metamorfose'
Reportagens:
Folha de São Paulo: https://www1.folha.uol.com.br/blogs/mise-en-scene/2025/08/violencia-e-identidade-queer-dialogam-em-adaptacao-de-obra-de-edouard-louis.shtml
O Globo:
Bravo!:
https://bravo.abril.com.br/teatro/livros-de-edouard-louis-sao-adaptados-para-os-palcos-no-brasil/
Críticas:
Crítica de Cláudia Chaves:
Crítica de Rodrigo Fonseca:
https://rotacult.com.br/2025/06/eddy-faz-imersao-visceral-na-prosa-de-alerta-de-edouard-louis/
Crítica de Daniel Schenker:
https://www.danielschenker.com.br/teatro/principios-artisticos-bem-definidos/
Crítica de Gilberto Bartholo:
http://oteatromerepresenta.blogspot.com/2025/07/eddy-violencia-e-metamorfose-ou-um.html
Crítica de Wagner Corrêa:
https://www.escriturascenicas.com.br/2025/07/eddy-violencia-metamorfose-corajosa.html
EQUIPE DE CRIAÇÃO
Idealização, criação e realização
Polifônica (Luiz Felipe Reis e Julia Lund)
Direção e dramaturgia original
Luiz Felipe Reis e Marcelo Grabowsky
A partir das obras de Édouard Louis:
“O fim de Eddy”, “História da violência”, “Mudar: método”
Atuação
João Côrtes, Julia Lund, Igor Fortunato
Direção de movimento
Lavínia Bizzotto
Preparação corporal
Lavínia Bizzotto e Alexandre Maia
Iluminação
Julio Parente (PARA.RAIO)
Direção de tecnologia
Julio Parente (PARA.RAIO)
Criação de vídeo
Daniel Wierman
Cenografia
André Sanches
Cenógrafa assistente
Débora Cancio
Trilha sonora
Luiz Felipe Reis
Direção musical
Carol Mathias
Produção musical
Pedro Sodré
Figurino
Antônio Guedes
Assistente de figurino
Mari Ribeiro
Técnico de luz e Operador de luz e vídeo
Rodrigo Lopes
Operador de som
Daniel Vetuani
Hair stylist
Amadeu Marins (salão ará)
Make
Sabrina Sanm
Fotografia de estúdio
Renato Pagliacci
Fotografia de cena
Elisa Mendes
Cinematografia
Chamon Audiovisual
Design gráfico
Clara Seleme (Paspatur)
Assessoria de imprensa
Dobbs Scarpa
Direção de produção
Luiz Felipe Reis e Julia Lund (Polifônica)
Produção executiva
Roberta Dias (Caroteno Produções)
Assistente de produção
Luciano Pontes
POLIFÔNICA é um núcleo de pesquisa e de criação artística fundado em 2014, no Rio de Janeiro, pelo diretor, dramaturgo e pesquisador Luiz Felipe Reis e pela atriz, performer e pesquisadora Julia Lund.
Em suas pesquisas e criações, a Polifônica dedica-se a uma pesquisa estética e temática que busca articular as noções de Polifonia Cênica e de Contra-Cenas ao Antropoceno.
Em 2015, foi indicada ao Prêmio Shell 2015 na categoria Inovação com o experimento cênico-científico “Estamos indo embora...”, pela “multiplicidade de linguagens artísticas adotadas para abordar a ação do homem nas transformações climáticas”.
Em 2016, a Polifônica recebeu indicações e conquistou prêmios pela criação do projeto “Amor em dois atos”, que reuniu em uma mesma encenação duas obras do dramaturgo francês Pascal Rambert, “O começo do a.” e “Encerramento do amor”.
Em 2018, apresentou o seu novo trabalho, “GALÁXIAS”, que articulava textos de Luiz Felipe Reis com fragmentos da obra literária do escritor argentino, J. P. Zooey.
Em 2020, a Polifônica apresentou o solo teatral e audiovisual “Tudo que brilha no escuro”, que foi indicado ao Prêmio APTR 2020-21 de melhor espetáculo inédito ao vivo.
Em 2023, estreia o solo “VISTA”, protagonizado por Julia Lund e baseado no romance “Vista Chinesa”, de Tatiana Salem Levy — “VISTA” foi indicado ao Prêmio Deus Ateu de Teatro e Artes 2023 nas categorias melhor atriz e melhor espetáculo, tendo conquistado o prêmio na categoria espetáculo.
Em 2024, estreia “DESERTO”, primeira criação teatral brasileira inspirada nas obras e memórias do escritor chileno Roberto Bolaño. Com texto e direção de Luiz Felipe Reis e atuação de Renato Livera. Espetáculo indicado aos prêmios Shell (Ator protagonista) e APTR (Direção, Dramaturgia, Ator).
Em 2025, estreia “EDDY – violência & metamorfose” a partir da obra do escritor francês Édouard Louis.
Para 2026-27, a Polifônica planeja a realização dos seguintes projetos: circulação dos espetáculos “DESERTO” e “EDDY”, além da estreia de “BANZEIRO”, baseada no livro “Banzeiro onkòtó”, de Eliane Brum.








