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DESERTO

DESERTO, Luiz Felipe Reis © Renato Mangolin 043.jpg

Com direção e dramaturgia de Luiz Felipe Reis e atuação de Renato Livera,

“DESERTO” é a primeira encenação brasileira baseada na obra

e nas memórias do premiado escritor chileno Roberto Bolaño

DESERTO é a mais recente criação da Polifônica (www.polifonicacia.com). Com direção e dramaturgia original de Luiz Felipe Reis e atuação de Renato Livera, DESERTO estreou em maio de 2024 no Teatro Futuros — Arte e Tecnologia (RJ), tendo realizado 35 apresentações em sua temporada de estreia.

DESERTO traz aos palcos uma proposta inédita: a primeira dramaturgia e encenação brasileiras baseadas em fragmentos de diferentes obras e das memórias do premiado escritor chileno Roberto Bolaño (1953-2003), considerado um dos maiores autores latino-americanos da virada do século XXI.

Em cena, o ator Renato Livera se aproxima da figura do escritor, emprestando corpo e voz às suas palavras escritas ou faladas, extraídas de obras como “A universidade desconhecida”, “2666”, “O gaúcho insofrível”, “Entre parêntesis” e “Bolaño por si mesmo”.

Resultado de uma extensa pesquisa na obra do autor, DESERTO apresenta aos espectadores uma composição dramatúrgica que costura diferentes materiais textuais — poemas, contos, crônicas, notas, discursos, palestras — e entrevistas concedidas por Bolaño, em que o escritor compartilha suas mais fundamentais e recorrentes inquietações artísticas e existenciais.

Em seu recorte dramatúrgico, DESERTO joga luz, sobretudo, nos últimos anos de vida de Roberto Bolaño. Diagnosticado com uma doença hepática crônica, em 1992, Bolaño passou sua última década de vida lidando com uma doença de certa forma silenciosa, enquanto se dedicava à conclusão de obras como “2666”, sua obra-prima final, e “O gaúcho insofrível”, sua última coleção de contos.

Para a construção de DESERTO foi empreendida uma longa pesquisa que abarcou não apenas os mais conhecidos romances e contos do escritor, mas também toda sua produção poética, além de inúmeras entrevistas e textos não ficcionais de diferentes formatos — um vasto material que possibilitou o acesso a detalhes, rastros e traços preciosos que compõem o multifacetado universo Bolaño.

DESERTO convida o público, assim, a um mergulho profundo no imaginário e no inconsciente poético do autor. Nesse “mundo Bolaño” — um lugar nada desértico, diga-se — se justapõem lembranças autobiográficas e reflexões sobre a sua trajetória literária, suas preocupações éticas e estéticas, políticas e poéticas, num jogo de atravessamento incessante entre vida e arte, como é característico de toda a produção literária do autor.

Em cena o que acompanhamos não é exatamente uma narrativa da vida particular de Bolaño, mas sim fragmentos da sua memória, de seus poemas e escritos diversos que iluminam a jornada arquetípica de um poeta.

DESERTO joga luz na aventura existencial e criativa de um escritor latino-americano, nascido no Chile, que atravessa o continente rumo ao México e que, posteriormente, fixa-se na Espanha. Toda a dramaturgia do espetáculo é, de certa forma, a recomposição e, também, a recriação dos rastros dessa aventura. Trata-se de um espetáculo que celebra a força criativa e a coragem da jornada existencial de Bolaño, um espírito inquieto, marcado pela inconformidade com as normas, pelo desejo de ruptura e de aventura, alguém que, ao longo da sua vida, se arrisca, viaja, se lança continuamente ao desconhecido, até que se vê forçado a lidar com o desterro e com o exílio, com o desamparo e com a violência do real, em suma: com a aventura de ser poeta em meio a um mundo globalmente colonizado e dominado pelo imperativo da maximização infinita dos números, do lucro, da utilidade e da eficácia a serviço do capital, um sistema de mundo marcado pela exploração e pela devastação de tudo que é vivo, num pacto contínuo com a morte e não com a vida.

“Olhamos para a vida e para a obra de Bolaño, para o seu compromisso existencial com o fazer literário, a fim de questionar e promover uma reflexão coletiva acerca das condições de possibilidade para a existência da poesia e dos poetas em meio à ordem neoliberal e à violência do mundo contemporâneo”, diz Luiz Felipe Reis. “Sua obra e sua vida afirmam uma ética, uma forma de existência: Bolaño enxerga a poesia, ou a aventura poética, como uma forma de vida fértil, como uma forma de escapar e de se contrapor ao conjunto de normas e de hábitos opressores e mortíferos impostos pelo regime totalitário do capital em sua forma contemporânea, neoliberal, marcada pela financeirização, pela devastação do mundo material e imaterial, em suma, pela pulverização de tudo, da própria vida. DESERTO é, em boa medida, uma contra-cena ao estado atual do mundo, um mundo em vias de desertificação; uma encenação que se levanta contra o atual processo de desvitalização da Terra e, também, dos nossos corpos e subjetividades promovidos pela lógica capitalista. Como contraponto ao horror atual e à desertificação da vida, DESERTO olha pra Bolaño e seu legado artístico a fim de afirmar a poesia como uma forma de vida: lúdica, criativa, fértil, que potencializa a viabilidade da nossa existência. A obra do Bolaño é um dispositivo que nos ajuda a refletir coletivamente sobre a condição de ser poeta, artista e escritor nesse mundo em vias de se tornar um deserto”.

DESERTO pretende iluminar sobretudo o legado poético e artístico de Bolaño, um autor que, após sua morte, em 2003, e a publicação de “2666”, em 2004, se tornou um dos maiores fenômenos literários da virada do último século — considerado por muitos o maior expoente das letras latinas desde Gabriel García Márquez.

“Bolaño é o mais influente e admirado romancista de língua espanhola da sua geração”
Susan Sontag

 

 

SOBRE DESERTO E ROBERTO BOLAÑO

 

DESERTO é um projeto idealizado pelo diretor e dramaturgo Luiz Felipe Reis e que começou a ser concebido em 2015 — ano que marcou os 40 anos da estreia literária de Bolaño, na antologia “Poetas infrarrealistas mexicanos” (1975). Nove anos após a sua idealização, “DESERTO” estreia em 2024, ano que celebra os 40 anos do primeiro romance publicado por Bolaño e, também, os 20 anos do lançamento de sua obra-prima “2666”.

Maior romancista chileno do século XX, Roberto Bolaño tornou-se um fenômeno literário mundial na virada do século passado para o XXI. Apontado como o sucessor de Gabriel García Márquez como figura expressiva das letras latino-americanas, Bolaño é o mais contemporâneo entre os cinco grandes ícones das letras latinas — García Márquez, Vargas Llosa, Borges e Cortázar —, mas diferentemente deles, é o único que ainda não havia tido sua obra literária transposta para os palcos no Brasil.

No âmbito das artes cênicas contemporâneas, no Brasil e no mundo, são diversos os exemplos de experimentos e propostas que têm levado aos palcos recriações de obras literárias clássicas ou canônicas. O que DESERTO propõe, no entanto, não é recriação de um único clássico de Bolaño, mas sim a encenação de uma dramaturgia inédita que articula fragmentos de sua vasta produção literária, apresentando ao público, portanto, o imaginário poético do autor. Atualmente, pode-se dizer que Bolaño já é reconhecido como um “clássico contemporâneo”, mas ainda hoje sua obra é muito mais conhecida do que efetivamente lida. Ao recriar em cena fragmentos da vida e da obra do autor, esperamos que DESERTO possa contribuir para a difusão da obra de Bolaño e atuar, também, como porta de entrada ao fascinante universo literário do autor

ROBERTO BOLAÑO

Nascido em 1953, em Santiago do Chile, e radicado na Espanha a partir de 1977, Roberto Bolaño consolidou-se como o maior sucesso literário latino-americano, em escala mundial, desde Gabriel García Márquez.

Depois do sucesso de crítica de “La literatura nazi en América” (1996), publicou diversas obras em poucos anos, tendo “Os detetives selvagens” e “Putas assassinas” entre seus títulos mais elogiados, premiados e conhecidos — Bolaño conquistou os prêmios Herralde (1998) e Rómulo Gallegos (1999) por “Os detetives...”.

Em 15 de julho de 2003, Roberto Bolaño morreu de insuficiência hepática, em Barcelona, aos 50 anos. Ele deixou contos e romances inéditos, entre os quais “2666”, romance vencedor do Salambó Prize (2004) e do National Book Critics Circle Award (2009).

 


O QUE DIZEM DE BOLAÑO

“Bolaño é o mais influente e admirado romancista de língua espanhola da sua geração.” — Susan Sontag

“O que Bolaño perseguiu e alcançou foi o romance total, colocando o autor de ‘2666’ no mesmo time de Cervantes, Sterne, Melville, Proust, Musil e Pynchon.” — Rodrigo Fresán

“Um fecho histórico e genial para ‘O jogo da amarelinha’, de Cortázar (...) uma fenda que abre brechas pelas quais haverão de circular novas correntes literárias do próximo milênio.” — Enrique Villas-Matas

“Todos eles são Bolaño, todos nós somos Bolaño, até você é Bolaño.” — Patti Smith 

“Não somente o grande romance em língua espanhola da década, mas também um dos pilares que definem toda uma literatura.” — La Vanguardia

“O estilo de Bolaño é como um drible de Garrincha: não tem ciência alguma, mas não falha. É assim: sem firulas, funcional ao relato, essencialmente sem erros.” — Roka Valbuena

 

OLHARES SOBRE DESERTO

“Renato Livera segue, na potente dramaturgia e direção de Luiz Felipe Reis, pegadas seguras, nos ofertando não miragens, mas a imagem real de um Bolaño lindamente gente como a gente, um Bolaño deveras humano, com uma paixão contagiante. Há vísceras e coração na atuação, devidamente controlada, que nos descortina o deserto que somos (…) nossa jornada, a luta pela sobrevivência, sede e fome, o desejo de um pouco de poesia em nossos dias de pedras no caminho (...) DESERTO é uma viagem reveladora onde tive a chance de conhecer um pouco mais de mim mesmo e do espírito revolucionário de Bolaño; uma jornada de dentro para fora, sob um Sol gigante da literatura latino-americana.” — Francis Ivanovich, jornalista, crítico teatral, dramaturgo e cineasta

 

 

“DESERTO, a partir de poemas e fragmentos de Roberto Bolaño, torna a escrita, a vida e a política um acontecimento inseparável. Luiz Felipe Reis coloca mais uma vez sua singular marca criadora na excelente direção, seja na escolha dos textos poéticos-literários (de Bolaño), seja nos jogos entre impactantes imagens projetadas e atuação no palco (muitas vezes em linha de continuidade outras em ruptura), sonoridades, músicas, direção de ator etc. A atuação de Renato Livera é primorosa. Quem puder ver, não perca.” — Alberto Pucheu, poeta, ensaísta, pesquisador e professor de Teoria Literária da UFRJ



“DESERTO é uma rara exceção no tumultuado e disperso teatro carioca. É uma brilhante introdução à obra de Roberto Bolaño, seus livros de prosa e poesia, exaltando a vida, a militância e a literatura num mundo em vias de extinção. É um manifesto raramente visto nos palcos com essa intensidade e força (…) O vigor, a potência e a robustez do texto se alinham à atuação de Livera, um ator extraordinário em todas as instâncias. Um espetáculo obrigatório a todos os que gostam de teatro, literatura e poesia. DESERTO é um bálsamo a todos os que se sentem órfãos de tramas que enfatizam a importância da arte e da política. É um instante mágico onde podemos exorcizar nossas demandas e repressões e saber que ainda há esperanças, apesar da ausência de fé e descrédito nas instituições e na Justiça. Um grito parado no ar, uma convocação para que tiremos a bunda da cadeira e nos engajemos na luta por melhores condições, sejam elas intelectuais ou mundanas. A poesia é um ato político.” — Fúrio Lonza, dramaturgo, escritor e crítico teatral


“DESERTO nos apresenta uma jornada eletrizante entre imagens, simulações e simulacros (...) A voz de Bolãno-Livera-Reis, todos homens, diante do fracasso de uma humanidade que segue escrita por homens, não encontra alívio nesse deserto do Real. Mas ainda assim temos a indignação literária, dramatúrgica, cênica, a ficção poética contra toda obscuridade e a condição do poder. O espetáculo é um convite perturbador mas necessário para atravessarmos esse deserto do Real para enfim nos colocarmos diante de nós, diante da poesia, da cena e encontrarmos em outra invenção uma saída que nos liberte desse Real manejado.” — Martha Ribeiro, artista, ensaísta e professora (UFF, UFRJ)


“Por meio da encenação de DESERTO, o diretor Luiz Felipe Reis não procura biografar o escritor Roberto Bolaño, mas, a partir dele, destacar questões centrais referentes ao lugar do artista no mundo (...) a importância do artista lidar com o risco, o abismo, o incômodo, de existir afastado das estruturas de poder, como um outsider. (...) A integração entre teatro e audiovisual, uma das características da Polifônica, se dá, em DESERTO, de forma não reiterativa – sem o mero intuito de confirmar um dado discurso. As imagens da natureza simbolizam, por um lado, o avanço do tempo e, por outro, o eterno, perspectiva contrária à da finitude de Bolaño, obrigado a administrar grave problema de saúde. (...) Numa montagem que mescla tempos distintos, Renato Livera evidencia vínculo inquebrantável com o presente da cena, perceptível na instantaneidade da fala. O ator demonstra pleno domínio da palavra aliado ao extravasamento físico. DESERTO é uma encenação que conjuga teatro e cinema, passado e presente, realidade e ficção, estimulando o espectador a traçar instigantes possibilidades de interpretação a partir de um mergulho no universo de Roberto Bolaño, transportado para o palco sem didatismo, nem hermetismo.” — Daniel Schenker, crítico teatral, pesquisador e professor de teatro (CAL)


“DESERTO é um grande espetáculo. A forma como Luiz Felipe Reis põe em cena a vida e a literatura de Roberto Bolaño e alicia o público é coisa de mestre — tanto no texto quanto na direção de Renato Livera, ator que se entrega por inteiro nesse monólogo de muitas vozes. Se eu fosse você, não perdia.” — Silvio Essinger, escritor, pesquisador, jornalista e crítico musical

 


“Não percam esse espetáculo! Uma beleza de encontro do diretor Luiz Felipe Reis com o ator Renato Livera pra homenagearem o escritor Roberto Bolaño. A partir de fragmentos da obra e da vida de Bolaño, a dramaturgia-encenação de Luiz Felipe Reis é envolvente, pulsante, à beira do abismo. E Renato Livera, que ator extraordinário. Bravos! Imperdível.” — Inez Viana, atriz, dramaturga e diretora


“É teatro bom. Por que bom? Porque saí de lá melhor do que entrei, porque saí querendo viver, mais do que quando entrei. É pra isso que ‘serve’: catarse! Atuação e direção sensíveis, precisas, bonitas.” — Caco Ciocler, ator e cineasta


“Não dá pra perder o excepcional espetáculo DESERTO, monólogo com base na obra do poeta e escritor chileno Roberto Bolaño com o ator Renato Livera.” — Walter Lima Júnior, cineasta

 


EQUIPE DE CRIAÇÃO

Direção e dramaturgia original
Luiz Felipe Reis

Baseada na obra de Roberto Bolaño — textos e entrevistas extraídos de “2666”, “A universidade desconhecida”, “O gaúcho insofrível”, “Entre parêntesis”, “Bolaño por si mesmo”

Atuação:
Renato Livera

Direção assistente:
Julia Lund

Interlocução dramatúrgica:
José Roberto Jardim

Direção de movimento e preparação corporal:
Lavínia Bizzotto

Direção musical e criação sonora:
Pedro Sodré e Luiz Felipe Reis

Cenografia:
André Sanches e Débora Cancio

Figurino:
Miti

​Criação de vídeo:
Julio Parente

Iluminação:
Alessandro Boschini

Assistente de vídeo e operação de vídeo e luz:
Diego Avila

Operação de Som:
Gabriel Lessa

Design gráfico:
Bruno Senise

Fotografia de estúdio:
Renato Pagliacci

Assessoria de imprensa:
Ney Motta

Direção de produção:
Sergio Saboya (Galharufa)

Produção executiva:
Roberta Dias (Caroteno Produções)

Idealização e coprodução:
Polifônica

Proponente:
Associação Cena Brasil Internacional​​


Atendimento à imprensa
Ney Motta
21 98718-1965 | neymotta@gmail.com

* A dramaturgia-encenação de “DESERTO” é atravessada pelas obras de Nicanor Parra, Violeta Parra, Pedro Lemebel, Mario Santiago, Lawrence Ferlinghetti, Patricio Guzmán, Emma Malig, Georges Bataille, Gilles Deleuze, Giorgio Agamben e outros.

Contatos
sergiosaboyacultura@gmail.com
lfmreis@gmail.com

PESQUISA POLIFÔNICA

 

Desde 2014 a Polifônica se dedica a uma pesquisa estética e temática acerca das noções de Polifonia Cênica e de Contra-cenas ao Antropoceno. Em conjunto, estas noções buscam estimular a experimentação de diferentes formas de abordar e de responder artisticamente ao AntropoCapitaloceno, ou seja, aos distúrbios ecológicos, sociais e políticos gerados pela engrenagem ideológica antropocêntrica, colonialista, capitalista e neoliberal.

DESERTO é um espetáculo que dá continuidade a estas investigações estéticas e temáticas, assim como amplia sua pesquisa acerca da tênue linha que aproxima e dilui as fronteiras entre autobiografia e autoficção, performer e personagem, assim como sobre as relações entre o trágico e o trauma, a violência e a resiliência, a metamorfose, a regeneração e afirmação da pulsão de vida — elementos investigados e tensionados em todos os projetos anteriores da Polifônica, como “Estamos indo embora...” (2015), o díptico “Amor em dois atos” (2016), “Galáxias” (2018), o solo teatral e audiovisual “Tudo que brilha no escuro” (2020) e o espetáculo “VISTA” (2023).

 

 

POLIFONIA CÊNICA

Elaborada pela Polifônica, a partir de uma pesquisa sobre a obra teórica e prática do maestro, compositor, encenador e pesquisador Heiner Goebbels, a noção de Polifonia Cênica busca estabelecer uma relação horizontal, descentralizada e colaborativa entre diferentes elementos, linguagens e formas de arte na composição do fazer teatral. Inserida nesta pesquisa, DESERTO busca instaurar uma experiência multilinguagem, articulando dispositivos teatrais com a literatura, a poesia, a música ao vivo, além de instalações de luz, som e vídeo. O projeto se empenha, portanto, em articular reflexões filosóficas com provocações sensoriais a fim de sensibilizar e de engajar todos os envolvidos na experiência na tarefa de responder criativamente às transformações e às ameaças existenciais que marcam o contemporâneo.

 

DESERTO, uma encenação polifônica
 

DESERTO amplia a pesquisa estética da Polifônica acerca da noção de Polifonia Cênica, um dispositivo conceitual e de linguagem que busca estabelecer uma relação criativa e não hierárquica entre diferentes formas de arte em cena. Assim como as demais criações da Polifônica, portanto, DESERTO é uma encenação que articula teatro, vídeo e música para realizar uma experiência cênica imersiva, de forte apelo sensível e reflexivo.

DESERTO é realizado, portanto, como um híbrido de teatro, instalação visual e criação musical. Formas de arte que se retroalimentam e se afetam mutuamente a partir da premissa de que a encenação contemporânea é uma forma de arte inespecífica e metamórfica, que se transforma continuamente ao longo de uma mesma experiência.

O que buscamos com esta aproximação entre o teatro e a criação visual e sonora é potencializar a dimensão audiovisual que marca a experimentação teatral contemporânea, mas que também está na base ou nas origens do próprio teatro: afinal, o teatro clássico, grego, foi concebido justamente como somatória do “espaço da visão” (theatron) e do “espaço da audição” (auditorium). Ao transformar a cena em um misto de cenário e de instalação audiovisual, o que buscamos, sobretudo, é construir uma experiência para os olhos, ouvidos e corpos do nosso tempo, acreditando que uma outra arte pode vir à tona — e nos surpreender — a partir de experiências para as quais ainda não temos nome.

 

SOBRE A POLIFÔNICA

 

POLIFÔNICA é um núcleo de pesquisa e de criação artística fundado em 2014, no Rio de Janeiro, pelo diretor, dramaturgo e pesquisador Luiz Felipe Reis e pela atriz, performer e pesquisadora Julia Lund.

Em suas pesquisas e criações, a Polifônica dedica-se a uma pesquisa estética e temática que busca articular as noções de Polifonia Cênica e de Contra-Cenas ao Antropoceno.

Em 2015, foi indicada ao Prêmio Shell 2015 na categoria Inovação com o experimento cênico-científico “Estamos indo embora...”, pela “multiplicidade de linguagens artísticas adotadas para abordar a ação do homem nas transformações climáticas”.

Em 2016, a Polifônica recebeu indicações e conquistou prêmios pela criação do projeto “Amor em dois atos”, que reuniu em uma mesma encenação duas obras do dramaturgo francês Pascal Rambert, “O começo do a.” e “Encerramento do amor”.

Em 2018, apresentou o seu novo trabalho, “GALÁXIAS”, que articulava textos de Luiz Felipe Reis com fragmentos da obra literária do escritor argentino, J. P. Zooey.

Em 2020, a Polifônica apresentou o solo teatral e audiovisual "Tudo que brilha no escuro", que foi indicado ao Prêmio APTR 2020-21 de melhor espetáculo inédito ao vivo.

Em 2023, estreia o solo "VISTA", protagonizado por Julia Lund e baseado no romance "Vista chinesa", de Tatiana Salem Levy — "VISTA" foi indicado ao Prêmio Deus Ateu de Teatro e Artes 2023 nas categorias melhor atriz e melhor espetáculo, tendo conquistado o prêmio na categoria espetáculo.

Para 2024-25, a companhia planeja a realização dos seguintes projetos: circulação do espetáculo “DESERTO”, criado a partir da obra do escritor chileno Roberto Bolaño; além da estreia de “AWEI!”, baseada no livro “Banzeiro onkòtó”, de Eliane Brum; e de “Eddy. Uma história de violência”, a partir da obra do escritor francês Édouard Louis.

 

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