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ESTAMOS INDO EMBORA

Idealizado pela Polifônica Cia., “Estamos indo embora...” estreou no Espaço Sesc, no dia 28 de maio de 2015, e inicia, em 14 de agosto, uma nova temporada no Teatro Glaucio Gill, em Copacabana. Com texto e direção assinados pelo jornalista Luiz Felipe Reis, o projeto conta com dois performers em cena, a atriz Julia Lund e o ator Márcio Machado.

 

A encenação convida o público a refletir sobre uma das mais agudas crises do contemporâneo: o impacto que o homem pós-industrial, guiado pelos excessos da sociedade de consumo, vem desencadeando no ecossistema da Terra, cujo funcionamento sinaliza um acentuado desequilíbrio climático. 

 

O projeto nasce de uma pesquisa que busca relacionar as artes cênicas ao tema do Antropoceno — um termo cunhado pela comunidade científica internacional e que define a atual era geológica da Terra, cujo ponto de partida é a Revolução Industrial: 

 

— Foi o ponto em que o homo sapiens deixou de ser apenas um agente biológico para se tornar, gradativamente, uma força geológica primordial, ou seja: o principal responsável pelas maiores transformações na paisagem e no funcionamento da Terra — diz o diretor. — Estamos alterando, numa velocidade maior do que em qualquer outra era, a forma, o equilíbrio termodinâmico e a biodiversidade da Terra. A peça investiga essa colisão, sem precedentes, entre a humanidade e o mundo. 

 

“A ideia de que a nossa espécie é de aparição recente no planeta (...), e que o modo de vida industrial, baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis, iniciou-se menos de um segundo atrás, na contagem do relógio evolutivo do Homo sapiens, parece apontar para a conclusão de que a humanidade ela própria é uma catástrofe, um evento súbito e devastador na história do planeta”.

Eduardo Viveiros de Castro

 

Para fazer refletir sobre o que levou a humanidade a tal ponto, a montagem é construída por quatro diferentes quadros cênicos, que abrigam realidades performativas distintas e autônomas. Assim, a dramaturgia se inicia numa expedição científica ao polo norte, viaja pelo mundo em painéis climáticos e colóquios internacionais, até que aterrissa num futuro distópico e indeterminado.

 

Para isso, a encenação opta pela fusão de diferentes linguagens artísticas, e combina formas como a encenação de conferências, cenas de dança-movimento e instalações audiovisuais, conduzindo o espectador a uma experiência estética híbrida, orientada pelo conceito de polifonia cênica — múltiplas vozes/linguagens coabitando o espaço cênico.

 

Tudo para fazer refletir sobre o presente e o futuro da humanidade, sobre o estado-limite em que vivemos: o ponto em que a humanidade entra em rota de colisão com a Terra e se torna não exatamente uma ameaça a ela, mas compromete à sua própria existência e continuidade enquanto espécie.

 

“Se o teatro pretende se tornar, novamente, o teatro do mundo, ele precisa reaprender como carregar o mundo em seus ombros, e não só mundo, como tudo o que há dentro e sobre ele”. 

Bruno Latour, antropólogo e filósofo

 

O IMPACTO HUMANO NA TERRA

 

De acordo com o último relatório do painel climático da ONU, publicado em 2014, cientistas do mundo todo anunciaram que têm 95% de certeza de que a intensidade das atuais mudanças climáticas é resultado da ação do homem. Entre as consequências dessa intervenção humana, a pior delas é o aquecimento global, que é causado, sobretudo, pela elevação dos níveis de emissão e de concentração de gases-estufa na atmosfera, decorrente da produção de energia necessária para atender às demandas de uma superpopulação que se multiplica e consome mais do que nunca: somos, hoje, 7 bilhões de pessoas consumindo os recursos de um planeta e meio todo ano.

 

Diante de tal quadro torna-se necessário destacar que, em nenhum outro período da História da Terra, qualquer outra espécie viva foi capaz de afetar tanto e de modo tão negativo o equilíbrio da biosfera e da atmosfera do planeta. 

 

Este legado negativo do homem contemporâneo — sua marca destrutiva em relação ao ecossistema, a si e às demais espécies — é considerado, hoje, não só inquestionável, mas irreversível por muitos cientistas. Sendo assim, este projeto questiona, sobretudo, as bases de apoio existencial do homem deste tempo — sua mentalidade, comportamento e psicologia; sua onipotência, dominância e hierarquia —, a fim de refletirmos sobre o que leva o homem a atentar contra a sua própria existência, a degradar o seu presente e a inviabilizar o seu futuro.

 

Este projeto indaga a todos — artistas, pesquisadores e futuros espectadores — se é possível suplantar o quadro atual, em que o ethos (hábitos e práticas) deste homem contemporâneo segue (des)orientado pelas mais imediatistas e excessivas demandas de produção e de consumo, em vez de guiado por sua mais urgente necessidade: garantir o maior equilíbrio ecossistêmico possível às futuras gerações. 

 

EQUIPE DE CRIAÇÃO

 

Direção e dramaturgia: Luiz Felipe Reis

Atuação: Julia Lund e Márcio Machado

Interlocução artística e dramatúrgica: Julia Lund 

Interlocução no quadro cênico 1: Patrick Sampaio

Criação visual e projeções: Júlio Parente

Direção de movimento: Luar Maria e Toni Rodrigues

Direção musical e sonora: Luiz Felipe Reis e Thiago Vivas

Operador de som e vídeo: Thiago Vivas

Iluminação: Alessandro Boschini

Operador de luz: Gabriel Borelli

Figurino: Antônio Guedes

Assistente de figurino: Renata Mota

Cenotécnicos: Fernanda Tomás e José Baltazar 

Fotografia: Leo Aversa

Programação visual: Jair de Souza Design (Jair de Souza e Rodrigo Barja)

Hair stylist: Anderson Couto

Make: Gabriel Ramos

Direção de Produção: Sérgio Saboya (Galharufa Produções)

Produção Executiva: Maria Albergaria

Assistente de produção: Allan Pagnota

Idealização, coprodução e realização: Polifônica Cia. (Julia Lund e Luiz Felipe Reis)

 

 

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